Abalada pelo sentimento de crise (tão bem figurado no prefácio do vol. I das Memórias ), a obra de Raul Brandão (Foz do Douro, 1867 ? Lisboa, 1930) conduz-nos a um confronto ambivalente com a realidade ? entre o pitoresco e o dramático, o cómico e o patético, o grotesco e o trágico, o nojo e o encanto terno, o «enxurro» e o «sonho»? Em torno de personagens tragicómicas como Gabiru ou Gebo, «dum lado mora o espanto, doutro o absurdo»; e até o silêncio é clamor e grito, na dialéctica da Dor e no júbilo grave com que se aceita a Vida.