Comer é uma forma extrema de possuir o que queremos - seja o fígado ou a coragem do inimigo, quem sabe a carne da pessoa amada. Tudo no sentido figurado, claro. Afinal civilização é isso: a domesticação dos nossos apetites. Seja no ruidoso churrasco de domingo, no jantarzinho só-nós-dois-e-mais-ninguém, ou na defesa das nossas preferências num disputado buffet, este martírio da vida social moderna. O leitor sabe do que o autor está a falar - é preciso resistir à tentação de meter os camarões no bolso, mas decida-se por uma eficiente estratégia de ataque.