«Depois de ter feito jornais, escreveu sobre eles. Foi em A Noite, a primeira obra dramática de Saramago que o escritor dedica a Luzia Maria Martins, a pessoa que o achou capaz de escrever uma peça. Seria mesmo. A noite de que se fala nesta peça ficou para a história: de 24 para 25 de Abril. A acção passa-se na redacção de um jornal em Lisboa e autor avisa: Qualquer semelhança com personagens da vida real e seus ditos e feitos é pura coincidência. Evidentemente. Nem outra coisa seria de esperar. A ironia passa também pela história desta noite em que administradores e redactores entram em conflito. Uns a gritar que a máquina há-de parar e outros a defender que ela há-de andar. Quando o escreveu, Saramago já sabia que, para o bem e para o mal, a máquina tinha continuado a andar. A Noite chegou aos palcos em Maio de 1979 pelo Grupo de Teatro de Campolide. Com encenação de Joaquim Benite e direcção musical de Carlos Paredes, a peça contava, entre outros, com a participação de António Assunção no papel do chefe de redacção Abílio Valadares.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
