Nas sociedades onde os produtores directos dispõem de acesso às condições de produção (terras, florestas, pastagens) mas não regulam a repartição do excedente, os antropólogos e historiadores constataram que uma fracção variável daquele era apropriado por classes de não-produtores. Tratando-se de processos coercivos, a formação e existência de classes dominantes implicava que a autonomia económica dos produtores fosse confrontada por um aparelho político expropriador. Acontece que os conceitos correntes de político e económico não se ajustam muito bem às realidades pré-capitalistas. Onde começa o político se toda a economia depender dum poder regulador? Onde começa a economia se os factores de produção dependerem da aplicação de uma legislação administrativa? Verificou-se também que estas dificuldades não se colocam apenas aos estudiosos da Antiguidade ou do feudalismo europeu. A partir da era moderna, a integração de vastas regiões tropicais no mercado mundial fez-se utilizando processos que os compêndios de economia habitualmente não mencionam. Afinal, a economia mundial parece ter começado com escravos e cultivos forçados, com contratos fictícios e sem circulação monetária. Estes elementos foram os elementos comuns de uma nova ordem implantada, em épocas variadas, sobre sociedades tradicionais africanas (e asiáticas). Nessa nova ordem, o actor principal foi sem dúvida o Estado moderno: tanto como Estado esclavagista como na sua dimensão de administrador colonial. Compreender melhor o mundo moderno através da sua fase primitiva, analisar a génese do económico através do pol&iacu
