Faustino Manso , famoso compositor angolano, deixou ao morrer sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Neste livro, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente Cape Town, na África do Sul. Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais, e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, as mais estranhas personagens. Um romance sobre mulheres, música e magia. Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos. «Agualusa continua uma revisitação crítica e contínua da sua Angola natal [...] num estilo que privilegia a legibilidade e de onde são eliminadas todas as asperezas. [“As Mulheres de Meu Pai”] é um “patchwork” documental e irónico sobre a identidade africana.» - Pedro Mexia, Público