«Ah, Muriel. Poderia alguém vir bater-te à porta e entrar. O Cédric, por exemplo, que ainda não conheces. Mas não. Ninguém que corte a solidão, o isolamento, a esta hora adiantada da noite, a esta hora atrasada da noite, se se tiver em conta que tens todas as vinte e quatro horas de um mês só para ti e podes inverter o tempo a bel-prazer. Um tempo longo, que dura muito mais que os outros tempos que tens conhecido na tua vida. Todos os outros tempos, menos, talvez, aquele que foi africano, que desfibraste dolorosamente ia a dizer no maquis, mas não é essa a palavra certa: na chana angolana, de que não há equivalente, provavelmente, em parte nenhuma do mundo. Todos os tempos da tua vida, todos menos esse, têm sido acelerados, têm durado menos do que deveriam normalmente durar. E agora o tempo de Saint-Nazaire, que parece não ter fim, com o vento como pano de fundo, palpável e obsessivo. Como um Leit-motiv, o vento de Saint-Nazaire.»